segunda-feira, 23 de julho de 2012

Doula, para quê te quero?

Aproveitando todo esse vuco - vuco do CREMERJ, que por meio da resolução n.º 266/12 vetou as doulas, obstetrizes e parteiras dos trabalhos de parto e partos propriamente ditos, o veto inclui ainda os partos domiciliares. Fato esse, que passa por cima do MINISTÉRIO DA SAÚDE, em que desde 2001 já reconheceu que o acompanhante treinado beneficia a parturiente e diminui o número de intervenções e mesmo as cesáreas desnecessárias. 
Diante disso, publico aqui a matéria que escrevi para a faculdade sobre o beneficio de ter uma doula.

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Doula contribui para parto humanizado
Estudos apontam que o acompanhamento com esse profissional diminui o número de
intervenções médicas


A profissão de doula auxilia e aumenta as chances de um parto humanizado. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) revelam que o acompanhamento com este profissional traz inúmeros benefícios como: menor intervenções médicas, menor número de medicações e analgesias, redução no número de cesáreas e um trabalho de parto mais curto.
A obstetra Mariana Simões destaca que a doula é importante porque ela prepara a gestante deixando-a segura e confiante. “Para o obstetra, isso é fantástico, a gestante se sentindo segura ela consegue se entregar e confiar em seu corpo”. Contudo, Mariana realça que a doula é importante para o sucesso do trabalho de parto, pois é ela quem irá lembrar e orientar a parturiente sobre suas escolhas. “A gestante que contrata uma doula é muito mais informada e consciente de suas escolhas e consegue distinguir o que deseja realmente”, reforça Mariana.

É importante lembrar que a doula não substitui o pai ou acompanhante escolhido pela mulher durante o trabalho de parto. De acordo com doula Gisele Leal, para um parto humanizado é necessário se preparar desde a gestação com auxilio deste profissional, a doula é treinada para acompanhar uma mulher antes, durante e depois do trabalho de parto. No pré-natal é ela quem sugere uma equipe que esteja alinhada com os desejos da mulher, além de informar sobre todos os procedimentos existentes. Durante o trabalho de parto, a doula informa a parturiente sobre o andamento do parto, ensina exercícios de respiração, ajuda escolher melhor posição, faz massagens e usa métodos não farmacológicos para alivio de dor e informa se a intervenção é necessária.

A doula não substitui nenhum profissional tradicionalmente envolvido em um parto. Desta forma, não realiza nenhum procedimento médico e nem cuida da saúde do bebê. Esse serviço, custa em média de R$ 600,00 a R$ 1000,00. O valor varia por profissional e o desejo
da gestante. Por serem autônomas, elas negociam os preços e as formas de pagamento. Mariana Guimarães teve o seu bebê em novembro de 2011 e garante que a doula foi fundamental para evolução de seu trabalho de parto. Segundo ela, é pequeno o valor que se paga por esse profissional. “Se eu pudesse, teria pago para ela cinco vezes mais do que paguei, porque o valor do trabalho para mim foi inestimável”.

Desde 2001 existe um Programa de Humanização no Pré - Natal e Parto, do Ministério da Saúde que visa estabelecer melhores condições no atendimento à mulher. A criação da cartilha “Parto, Aborto e Puerpério - Assistência Humanizada à mulher” destaca o papel da doula para o sucesso de um parto humanizado. “Este tipo de apoio parece ter vários benefícios para as mães e seus recém-nascidos, sem nenhum efeito danoso”. Mesmo com esse incentivo do governo federal, esta realidade ainda é distante para pacientes do SUS. Isso porque muitos hospitais da rede pública não têm infra estrutura para este tipo de atendimento. Além disso, há uma forte resistência por parte dos profissionais em modificar
sua rotina. 

Pequenos grupos como o Enapartu (Encontro Nacional da Parteira Urbana), Mahps (Movimento de Apoio a Humanização do Parto em Sorocaba) e até a iniciativa individual tentam transforma r essa realidade. Isso é possível através da “doula social ou voluntária”. Nelas, os voluntários prestam serviços em algumas cidades do Brasil. Mesmo assim, o movimento ainda tem a maioria de seus adeptos no Estado de São Paulo.

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Além de todas as informações contidas no texto acima, é importante destacar que o Governo Federal criou A REDE CEGONHA, que possibilita um parto humanizado pelo SUS. O projeto inclui uma doula, ou seja. O CREMERJ é autoridade maior que o Ministério da Saúde e Governo Federal?







Essas fotos são do meu trabalho de parto, consegui um parto humanizado (sem nenhuma intervenção) e sem dúvida alguma minhas doulas Gisele Leal e Gleise Piva foram fundamentais e indispensáveis.

domingo, 11 de março de 2012

Nascimento de Patricia, parto da Laura

Relato do meu parto natural hospitalar 03.03.12 as 14h54. Um relato um tanto longo, cheio de sentimento, que tem nada como objetivo inspirar outras mulheres!

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E finalmente chegou a minha vez de escrever sobre o meu parto, esperei tanto que esse dia chegasse. Vou tentar relatar com o máximo de detalhes possível e por isso vou começar do começo (hahaha), não tem como falar do parto sem falar da gravidez e de como cheguei a decisão de um parto humanizado, por isso se preparem para um relato bem longo.
Descobri a gravidez com cinco semanas, fruto de um relacionamento sem nenhuma estabilidade, com 10 semanas a demissão do emprego e uma ameaça de aborto. Me vi completamente perdida e sozinha (na época morava sozinha). Com 23 semanas, a ‘reviravolta’ voltei pra casa da minha mãe, já havia conhecido os avós da minha filha, o pai dela aceitou a ideia e mudou seu tratamento comigo que até então era arredio. Mas o melhor de tudo que foi nessa ocasião que descobri o parto humanizado e a Gisele (que passou a ser minha doula e minha salvação na busca de um PNH).
Me "converti" após ler o relato do parto da Mariana escrito pela Gisele, à partir daí começaram as buscas. Foi quando todos os caminhos me levaram a obstetra: Mariana Simões. A primeira consulta foi quando estava de 27 semanas, e de cara já me apaixonei, a pessoa dócil e acolhedora, diferente de um pré-natal comum, a consulta foi quase um dia de terapia, saí de lá com a certeza de que ela era a pessoa certa pra me ajudar a trazer minha filha ao mundo.  Por conta dos gastos continuei o pré-natal pelo SUS (por sugestão da própria Mariana que pediu para que voltasse na semana 37, médicos humanizados são acima de qualquer coisa humanos, Mariana o tempo todo foi flexível em relação aos valores). 

Eis que chega a semana 37 e lá vamos nós para a consulta (digo nós porque, a Gisele que até não conhecia pessoalmente nos acompanhou, foi também minha mãe e o Gustavo que já tinha abraçado a causa e me acompanhava sempre desde das ultras). Mais uma sessão terapêutica e a tentativa de não ficar ansiosa, já que poderia ir até o dia 22 (quando completaria 42 semanas). 
                                                              Consulta da semana 37
Semana seguinte, carnaval, não fui na Mariana, mas tinha combinado com a Gi a despedida da barriga (esse dia merece um relato especial), fizemos na sexta e conheci  Gleise, parceira de doulagem da Gi. Depois disso fiquei extremamente ansiosa e contava os dias para chegada dela. 

Semana 39, a consulta com a Mariana estava marcada para a quarta feira, um dia antes de completar as exatas 39 semanas. Fui para a consulta sozinha, peguei dois ônibus e cheguei tranquila, como se nem estive grávida, apesar das contrações mais frequentes.  Na consulta, Mari me dava mais duas semanas (pra me tranquilizar, pq não tem como saber), sai de lá “desencanada” já que iria demorar um pouco para conhecer minha filha. Mas não foi bem o que aconteceu, na sexta, dia 2, minha filha resolve dar sinais de nascimento. Então vamos ao relato do grande dia.

O grande dia.
Sexta- feira, 2 de Março, 39 semanas e 1 dia. Não estava sentindo nada de diferente, fui a manicure, passei roupa, planejei ir ao centro da cidade no dia seguinte comprar algumas coisas que faltavam. Por volta das 21h deitei para ver TV e comecei a sentir as contrações mais ritmadas com um pouco de dor de barriga (aquelas dores de diarreia), dormi um pouco, às 23h falei com a Gi pelo facebook, ela me pediu para ir pro chuveiro e tentar dormir que ela deixaria as coisas dela prontas. Eu achando que não seria necessário, já que não tinha dor nenhuma e aquelas contrações eram apenas prodómos (na minha cabeça), pois assim o fiz, fui pro chuveiro fiquei uma meia hora (a Gi pediu para ficar 1hora lá, mas por conta da temperatura da água e do calor não consegui), tentei dormir, e as contrações não cessaram, passaram a ficar doloridas tive um pouco de diarreia, às 2 e pouco comecei anotar o intervalo entre elas e quanto tempo duravam, achei que tava marcando errado pois vinham a cada 2 minutos e durava uns 30 segundos, desencanei e voltei a dormir, às 3h30 começou doer mais, liguei pra Gi e durante a ligação uma contração, ela não pensou duas vezes e disse que iria tomar banho, ligar pra Gleise e vir pra cá, perguntei se ela não achava melhor eu ir pro chuveiro e depois ligar, ela disse que pelo tempo das contrações (desde das 23h) não seria necessário, pois era TP mesmo. 

Eu nem estava acreditando no que estava acontecendo e ao mesmo tempo morrendo de medo de ser alarme falso e fazer a Gi vir até minha casa atoa.  Nessa hora minha mãe que estava dormindo e foi avisada pelo meu padrasto que eu estava com dor, levantou e foi pra cozinha fazer café e bolinhos de nó… hahaha. Às 4h30 liguei pro Gustavo avisei pra ficar ‘a postos’.
Fui pro chuveiro com a bola e fiquei lá horas e as contrações ritmadas e com uma leve dor. Sai do chuveiro e fui com a bola pro meu quarto, as dores ficando cada vez mais fortes, porém, bem suportáveis. Foi quando às 5 e pouco a Gi e a Gleise chegaram, abracei ela e como quem pede socorro disse: “Graças a Deus que você chegou”.   Fomos para o quarto, elas prepararam o ambiente com vela e música. A Gleise sentada na minha frente e a Gi atrás de mim me fazendo massagem, quando vinha uma contração eu colocava a cabeça no ombro da Gleise e a Gi massageava bem a lombar. Nos intervalos Gleise me fazia reike e ‘apertava’ os pontos de acupuntura já que eu tremia muito.
Gleise e minha mãe








Umas 5h30 Gustavo (que estava em São Paulo) ligou pra saber se era realmente TP, Gleise atendeu e disse que era sim TP mas que poderia demorar, que ele poderia dormir e quando tivesse avançado a ‘gente’ avisava. Um pouco depois disso a Gi disse que a Mari estava a caminho, não me lembro nem ter visto ela sair pra fazer essa ligação. Entre uma contração e outra pedi abacaxi, tomei bastante água, até consegui comer aquele bolinho de nó que minha mãe havia feito.
Enquanto minha mãe e a Gi foram encontrar com a Mari, sai pra caminhar com a Gleise pelo quintal, as dores cada vez mais fortes me deu vontade de gritar. Quando vinha uma contração segurava no pescoço da Gleise e gritava “AAAAAAAAAAA”. 

Mari chegou em meio uma contração, me abraçou e disse “A Laurinha tá chegando!”. Ela foi me avaliar, mas eu não quis saber (pra não causar frustrações ou ansiedade). Mari só me disse que eu estava ótima, eu perguntei se já poderia ligar para o Gustavo, ela me disse que poderia esperar mais meia hora, isso já eram 7h.
Quando a Mari foi embora a Gi sugeriu que fosse para o chuveiro, mas eu não quis, queria tentar descansar já que não tinha dormido, deitei, duas contrações e eu já não aguentava mais. Pedi para ligar pro Gustavo e fui para o chuveiro com a bola. Ficamos um bom tempo lá, enquanto as contrações não vinham o papo rolava solto era como se nada tivesse acontecendo, até configurar minha câmera eu consegui!

Minha tentativa de descanso não durou 2 contrações









Às 8h30 a Gi me disse que em 1 hora iríamos para a maternidade. Não falei nada, mas pensei “mas já?”, confesso que fiquei com medo do que poderia vir e perguntei pra Gleise se ia doer mais, ela disse que não e eu fiquei mais tranquila.
Não sei se foi nessa ordem, mas minha mãe e Gleise terminaram de arrumar a minha mala, minha mãe veio me perguntar qual roupa eu queria pra sair da maternidade (hahahaha), respondi que qualquer uma, menos aquela que ela tava na mão. Ela resolveu ir ao mercado, enquanto ela estava lá a Gi disse que era hora de ir, fiquei meio apavorada já que o Gustavo ainda não tinha chego e minha mãe tinha saído. Foi quando pedi pra Gleise mais uma vez ligar pra ele.
Quando estávamos saindo minha mãe chegou (ainda bem!), fomos nos carro da Gi, minha mãe iria logo depois com as minhas coisas. Eu e Gleise no banco de trás, nem sei em quantas contrações chegamos, só sei que dentro do carro aquilo tudo me parecia pior  me deu uma grande vontade de chorar, simplesmente, chorei!
Chegamos à maternidade, uma contração logo na recepção, não hesitei, me pendurei no pescoço da Gleise, acocorei e gritei! Era como se não existisse mais nada além da minha dor, pouco me importavam às pessoas que estavam ali (Rolou um stress por que queriam me passar para um plantonista, mas a Gi resolveu logo!).

 Foi só nessa hora que descobri que quando a Mari foi me avaliar eu já estava com 5 para 6 cm!! Elevador, outra contração, mas tinham 2 bebês ali, não queria gritar para não assustá-los, respirei fundo e chorei baixinho (e outro stress, a moça que estava nos levando até o quarto disse que poderia subir só uma pessoa. E outra vez a super Gi resolveu!). Ficamos paradas em frente a uma ‘sub-recepção’ para decidir em qual quarto eu ficaria, enquanto isso, outra contração e muitos gritos. Resolvido, veio a moça com a cadeira de rodas (oi????) eu olhei pra ela e balancei a cabeça dizendo que não, ela me perguntou se eu tinha certeza. A Gi olhou pra ela e disse “A bacia está abrindo, você acha que não vai doer mais?”. Fomos para o elevador novamente, enquanto esperava, mais contrações e  mais gritos.
Finalmente chegamos no quarto, Mari chegou logo em seguida pra me avaliar, disse que estava ótima, saiu um sanguinho e a Gi vibrou! Lá vou eu para o chuveiro com a bola. Mas quando menos se espera, outra surpresa, o chuveiro não funcionava!!! Aí sim a Gi ficou furiosa!
Sei que a Gi saiu várias vezes do quarto para tentar resolver esse problema, eu estava no ápice da dor quando chega minha mãe e em seguida o Gustavo. Fiquei ajoelhada do lado da cama e apertava o travesseiro a cada contração, as meninas colocaram o Gustavo pra fazer massagem na minha lombar.
Gustavo apertando minha lombar e Gleise de mãos dadas comigo.







Não sei quanto tempo se passou, mas conseguimos outro quarto, com chuveiro funcionando (oba!). Me lembro de ter olhado no relógio e eram 10h40, fiquei sentada na bola em baixo d’água. Não sei ao certo quando entrei na partolândia, a partir desse ponto vou contar o que eu lembro.

 A bolsa ainda estava íntegra e a Laura bem alta, estava no meu limite quando a Mari sugeriu que rompêssemos a bolsa. Eu aceitei, mas quando vi aquela coisa pontuda (de plástico, parecida com agulha de tricô) comecei a gritar de desespero, primeira tentativa não deu certo (acho que foi depois disso que trocamos de quarto), segunda tentativa, sucesso, bolsa, tampão, tudo pra fora.
 

de novo no chuveiro com a bola.




Sei que faltava bem pouco, Gi e Gleise me incentivando o tempo todo, me dizendo que já tinha chego até ali, que já iria conhecer minha filha. Mas tem uma hora que a gente acha que não vai conseguir, bate um desespero. Queria parar tudo ali, descansar, e só depois continuar, mas as contrações não davam trégua, lembro que chorei que nem criança várias vezes, pedia pra tirar ela de mim. Não sei em que momento exatamente, eu tava surtada e a Gi me perguntou “Vc quer uma cesárea? “ Eu balancei a cabeça dizendo que não, apavorada.

Senti muito medo de fracassar, de ter ido até ali e não conseguir ir até o fim. Fomos para o centro obstétrico. Saindo do elevador vejo a minha pediatra Ana Paula Caldas, tinha pedido tanto para que fosse ela, tudo estava dando certo.  Mas alguma coisa me travava e eu não conseguia fazer o TP evoluir. Sentei no banquinho, Mari tentou me explicar o que estava acontecendo, mas eu não entendia, só sabia que faltava pouco (nessa hora estávamos só eu e ela, Gi, Gleise e Gustavo tinham ido colocar a roupa).
Mari tentando me explicar o que tava acontecendo.


Eles chegaram e Mari sugeriu que ficasse de quatro para aquele restinho que faltava sair (edema de colo, muito depois foi descobrir o que era.), fiquei em posição de saudação ao sol (yoga), nessa hora a dor era diferente, eu tinha vontade de fazer força, parecia que ia me abrir ao meio, quando vinha essa força a Gi e o Gu apertavam o quadril, fiquei algum tempo assim, Mari veio me avaliar e colocou um gelo para acelerar, não sei quantas forças eu fiz nessa posição, depois virei de lado, fiquei umas duas forças de cada lado. Eu não conseguia olhar ninguém nos olhos, tinha medo de ver ‘dó’ ali, ficava sempre com o olhar pra baixo, levantei, tomei água, e a Gi “me tirou pra dançar”. 


Gi me 'fazendo dançar'.




Não sei se foi nessa hora que recebi a notícia de que tinham conseguido uma banheira, não sabia exatamente o que essa notícia significa, mas  me parecia ótimo, queria tentar qualquer coisa que me fizesse sentir menos dor. Banheira cheia, fomos para o quarto, a primeira pessoa que vejo é a minha mãe lá na porta, não queria olhar pra ela também, sabia que ela estava com dó de mim. Entrei no quarto, ela segurou a minha mão e disse “Laurinha, vem conhecer a vovó”.
Entrei na banheira e o Gu ficou sentado do lado de fora, ficamos só  nós ali, esperando nossa filha. A cada vontade de fazer força eu ficava em várias posições, só não fiquei de cabeça pra baixo por não tinha força para isso… haha. Não sei quanto tempo se passou, mas me parecia que o tempo tinha parado ali. A Mari fez outra avaliação e eu perguntei se faltava muito, ela me perguntou se eu queria me tocar eu disse que não. Me disse: “quer saber quanto falta pra conhecer sua filha?”, balancei a cabeça que sim, ela mostrou a ponta do dedo e disse: “falta isso”. Ela me perguntou o que eu tava sentindo, disse que tava com vontade de fazer cocô, ela disse: "então faz!". 

Nessa hora que tirei forças não sei de onde, ganhei um ‘gás’, a cada vontade de fazer força eu abria a boca com o “AAAAAAAAAA”, a Gi pedia para que chamasse a Laura (já havia pedido em outros momentos, mas eu travava, não conseguia pedir para que minha filha viesse ao mundo, para mim era tudo surreal, parecia sonho. Mas nessa hora o sonho se tornou realidade e só quando eu aceitei isso, minha Laura decidiu nascer). Comecei a pedir que ela me ajudasse “filha, ajuda a mamãe”, fiz algumas forças e comecei e sentir ela descendo, gritei para Gi: “o circulo, o circulo!!!!”. Saíram correndo atrás da Mari que estava atendendo outro parto!!! (e eu só fiquei sabendo disso muito depois).


Eu me sentia uma leoa, uma selvagem, a cada força eu fazia um escândalo, urrava. A Mari chegou eu tava de quatro na banheira e ela sugeriu que ficasse de cócoras sustentada pelo Gu,  Laura resolveu nascer, e estavam todos lá pra vê-la Gi, Gleise, Ana Paula e Mari. Uma força e senti ela coroando, a Mari disse: “tô vendo o cabelinho dela”, outra força, já consegui vê-la. E o círculo de fogo faz jus ao nome, realmente queima, repeti algumas vezes “tá queimando, tá queimando!”. Acho que fiz umas duas forças e saiu a cabeça, depois um pedaço do corpinho, foi quando pedi pra Mari tirar ela (a única coisa que me arrependo).

Mari, Ana Paula e Gi, esperando Laura nascer.





Laura coroando.
"ta queimando, ta queimando!"


Pari minha filha as 14h54, não chorou, veio direto para o meu colo, com o olhão aberto, observando tudo, ficamos nos namorando por longos minutos, o cordão era tão pequeno que ela mal chegava até meu peito. Eternizei aquele momento na memória, eu, Laura e o pai, não se falava nada, mas se dizia muito naquele silêncio. Esperamos o cordão parar de pulsar (que demorou uns bons minutos) e a Mari veio pedir para que saísse da banheira porque estava alagando o corredor!!! A vó paterna, Anna Paula foi quem cortou o cordão, saí da banheira e deitei na cama para expulsar a placenta, fiz uma força e ela saiu, Mari verificou se teve alguma laceração, levei três pontinhos, enquanto ela me costurava, Laura dava sua primeira mamada.



Avó Anna Paula cortando o cordão
Mari verificando o períneo e Ana Paula esperando pela mamada da Laura.





Aprendendo a dar mamazinho.
 
Só depois disso, levaram ela pra pesar e medir, mas o pai acompanhou, foi o único momento em que ela ficou longe de mim. Laura nasceu com 2880kg e 49cm, Apgar 9/10, não tomou nenhuma vacina,  vitamina K via oral, tudo aconteceu no tempo dela, com o respeito que ela (nós) merecíamos. Foi um parto hospitalar lindo. Graças a Deus estava com a equipe certa!

Pitiquinha!

Tive a sorte de ter duas doulas (quase 3, pq a banheira foi emprestada da doula alheia, a mesma que ajudou a dar o primeiro mamá). Gisele Leal e Gleise Piva, vocês foram meus anjos da guarda, me fizeram ver a luz no fim do túnel, mesmo eu falando que vocês judiaram de mim, estava sob efeito retardado.

Minhas doulas lindas Gleise e Gi
Só tenho gratidão por essa equipe, Mariana Simões, Ana Paula Caldas e minhas lindas doulas, um obrigada infinito, vocês foram essenciais para o momento mais importante de minha vida.

Um agradecimento e admiração para o pai da minha filha, Gustavo, que esteve comigo o tempo todo, me sustentou e aguentou firme o ‘tranco’, posso dizer que parimos, não teria sido tão lindo se você não estive lá. Obrigada.

É claro, a minha mãe, que mesmo achando uma loucura me apoiou e ali de longe, com dó estava me enviando forças. Agora eu sei o que é amor de mãe.


Não posso deixar de agradecer a família do Gustavo que ‘financiou’ a ideia e em momento algum me fizeram querer o contrário.



Para finalizar eu tenho que dizer, que dói, dói muito. Mas é uma dor linda, é o útero se despedindo da sua companhia, que ficou ali por 39 semanas e 2 dias. A dor faz parte do processo e mesmo sabendo de tudo isso, cheguei em um momento que achei que não fosse capaz. Mas eu consegui e tenho certeza que todas as mulheres são capazes, não deixem tirar de vocês o direito de dar a luz, não há coisa mais linda no mundo.
Ainda hoje, olho para minha filha e fico lembrando dos momentos, passa aquele filminho e me acabo em lágrimas. Dar a luz é magnífico, transformador, passaria por tudo de novo. 

Sou uma nova mulher, me sinto poderosa, a mãe da Laura nasceu junto com ela.




sábado, 28 de janeiro de 2012

Sustentabilidade a parte...

Antes de mais nada quero deixar claro, que sou super a favor do meio ambiente e de tudo que é feito em prol dele. Mas essa história de ter que comprar sacolinhas nos super, hiper e mercadinhos de esquina me incomoda. Entenda meu ponto de vista.

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Sustentabilidade a parte, o assunto de proibir as sacolinhas nos supermercados parece que não afetou em nada a população, pelo menos a população virtual. Já vi milhares de compartilhamentos sobre diversas coisas, e as sacolas? nada. 
Pois então, a medida adotada pela Câmara Municipal entrou em vigor, e o objetivo é poupar o meio ambiente, incentivando os consumidores a usarem sacolas reutilizáveis. Poxa, Legal!!! O Governo do Estado, finalmente está fazendo algo para diminuir a poluição. Seria lindo, se não fosse trágico.
Pena que o problema não é só esse. Não são só as sacolinhas que são feitas de plástico, existem centenas de milhares de embalagens com a mesma matéria prima, não precisa pesquisar muito pra perceber, é só olhar dentro dos próprios estabelecimentos. 
Praticamente todas as embalagens são de plástico, além disso, na sessão hortifrut, temos aquelas saquinhos transparentes que usamos para colocar nossas frutas, verduras ou legumes.
E agora?? A solução é proibir todo o tipo de sacolinha existente no planeta?
Pra mim isso não tem nada a ver com sustentabilidade, afinal, se quisermos podemos comprar as sacolas por R$ 0,20 (o que me faz se sentir uma completa idiota). Acho isso tudo uma grande hipocrisia do Governo (pra variar), porque se o estabelecimento desrespeitar a regra poderá pagar uma multa ou ter a licença suspensa.
É claro que a essa altura tudo que puder ser feito para ajudar o estado critico de poluição da cidade de São Paulo é válido, mas essa história da sacolinha não me desceu bem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bem vinda, de volta!

Olá! Resolvi voltar!!! 
Quase um ano depois, achei até que tivesse esquecido a senha, quando na verdade o que me faltava era coragem para escrever, mas né... chega de blá blá blá whiskas sachê.  Vamos ao que interessa! Resolvi voltar porque tenho mil novidades e a maior e melhor delas é: To grávida (pasmem!), aliás, estou quase no final da gestação (33 semanas). E como toda grávida o assunto principal é nada mais, nada menos do que a gravidez (tcharam).
O objetivo disso é, vou falar bastante de como é ser grávida, mas não me limitarei a isso, então não se preocupem.
Afinal, o foco do blog é informar e estaremos sempre falando dos assuntos mais comentados do momento (ou não) hahaha.
No post do retorno vou falar um pouquinho da gravidez e do que vem junto com ela. ;-)

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Ser grávida é...
Foto: Noticias da TV


Acho que unanimidade entre as grávidas é o sempre: "Como está o bebê?". A partir do momento em que você passa de filha pra mãe, as pessoas se esquecem do ser 'mãe' e pulam direto para o serzinho que você  está gerando.
Não que isso seja ruim, mas gente, as grávidas (todas elas) são sensíveis e essa fase para algumas é muito difícil, acontecem muitas mudanças com o nosso corpo, nossa mente, enfim, nosso 'eu', por isso, nós, mães também temos sentimentos e queremos ser lembradas!!! rs
Falando agora em primeira pessoa, acho o máximo ser grávida! Aproveito a minha gestação da melhor forma possível, passo mil óleos na barriga, converso com ela, pego filas preferenciais (hahaha). Acho que as pessoas ao redor também se sensibilizam mais com grávidas, ficam gentis, me dão lugar pra sentar, não me deixar carregar peso ou fazer qualquer tipo de esforço.(ouuun)
Foto: Getty imagens/Fonte: ig.com.br
Ouvi dizer que gravidez dói, e bem, preciso falar: Dói mesmo! No começo são os enjoos, vômitos e o sono excessivo. No meio são as pequenas dores lombar acompanhadas de uma boa dose de dor de cabeça. E agora, na reta final, são dores infinitas nas costas, dor pélvica, dificuldade para respirar (o tamanho do útero comprime o diafragma) e consequentemente pra dormir. Mas tudo isso é tão insignificante diante da grandeza  de ser/ estar grávida, é uma dor tão gratificante, cada semana é uma vitória.
A grande verdade é que a gravidez é um mistério impossível de descrever, veja bem, já li casos de mulheres que se sentem feias durante esse período tão mágico. Eu me sinto linda, ótima (apesar dos 5kgs a mais).

No fundo todos sabem, não existe receita. Tudo depende da forma em que encaramos as coisas.

É claro que além das mudanças físicas, as psicológicas também são bem presentes nesse período, e eu vou contar, quanta mudança! Afirmo, não existe ser mais instável do que mulher grávida.
Foto: saude.hagah.com.br

Olhando pra trás vejo de como foi difícil o começo (acredito que como tudo na vida, o começo é bem complicado). O emocional deixa a gente doida, mil perguntas invadem seu pensamento, a responsabilidade pesa (e como pesa), você sabe que vai ter um ser totalmente dependente de você, e fica se questionando: "E agora, como vai ser?" 
(Falo da minha experiência: mãe solteira aos 20 anos, no meio da vida acadêmica e recém desempregada!)
Mas é claro que agora já superei todos esses 'obstáculos' e vou dizer a gravidez foi a melhor coisa que poderia acontecer na minha vida.
Digo mais: todas as mulheres devem ser mães um dia!
Como disse José Saramago:

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo".

É, ser pai ou mãe é um ato de coragem!!!
Tô pensando em uma maneira de terminar esse post, e cheguei a conclusão de que um: É isso! É o suficiente, afinal, a história só está começando.
Foto: Algo de novo no mundo da Carol